Efeito por trás da endometriose afeta milhões de mulheres; saiba qual

Doença acomete 7 milhões de mulheres no Brasil e 10% delas em idade reprodutiva

14/06/2024 às 12h38 Atualizada em 14/06/2024 às 12h50
Por: Henrique Souza
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Reprodução: Freepik
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A endometriose é uma condição ginecológica crônica que afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, a endometriose causa dores severas, especialmente durante a menstruação, e pode resultar em infertilidade. No entanto, os impactos dessa doença vão além dos sintomas físicos, afetando significativamente a saúde mental das mulheres.

A literatura médica aponta de 7 a 10 anos para o diagnóstico e por fim, o tratamento da endometriose, porém muitas mulheres relatam décadas e outras passaram a vida inteira sem esse diagnóstico.

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A psicóloga e psicanalista Izaianni Risco, alerta sobre a importância do cuidado psicológico e sobre os riscos que envolvem a endometriose.

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“A justificativa de que a endometriose é difícil de ser visualizada nos exames não pode mais ser aceita, já que hoje em dia existem atualizações profissionais e também porque hoje já se sabe que a maioria dos exames solicitados por ginecologistas estão equivocados e apenas 2 são eficazes: Ultrassonografia transvaginal e Ressonância Magnética, ambos com preparo intestinal e ambos com pesquisa de endometriose. Porém, além dessa falta de preparo técnico, vemos que a mulher com endometriose é negligenciada quando não é escutada, quando escutam frases como “você está exagerando”, “nem dói tanto assim, os focos são poucos”, “mulheres da sua cor costumam aguentar mais do que você”. A isso chamamos violência psicológica. Médicos ginecologistas são os maiores protagonistas nesse sentido, mas não são os únicos. Se tivéssemos profissionais de saúde, principalmente ginecologistas, que escutassem verdadeiramente às suas pacientes, posso afirmar, com certeza absoluta, com experiência própria pessoal e profissional e com embasamento científico, que não teríamos tantas mulheres com endometriose sofrendo por negligência profissional”, conta a psicóloga Izaianni Risco.

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Estudos apontam que mulheres com endometriose têm uma maior prevalência de distúrbios mentais, como ansiedade e depressão. A dor crônica e recorrente associada à endometriose pode levar ao aumento do estresse e a dificuldades emocionais. Um estudo publicado no Journal of Psychosomatic Obstetrics & Gynecology revelou que mulheres com endometriose têm 1,5 a 2 vezes mais probabilidade de experimentar depressão e ansiedade em comparação com aquelas sem a doença.

“O primeiro passo para estar minimamente saudável emocionalmente com endometriose é ter informação. Eu costumo dizer que, por mais caros que o tratamento definitivo seja, o dinheiro ainda é o menor problema, já que não adianta possuí-lo e utilizá-lo em tratamentos que não funcionam. A primeira coisa que a pessoa com endometriose precisa é saber que a doença possui origem embrionária, é impulsionada pelo estrogênio e pelo sistema imunológico e só pode ser removida completamente com excisão em bloco e peritonectomia. Ela também precisa saber que a dor e os maus estares não estão em sua cabeça, não são exageros, não são traumas ou passado não resolvido, não são problema com a mãe ou com energias femininas e masculinas, mas são reais, são sinais de que seu organismo está doente e de que que ela precisa de um tratamento humanizado e efetivo, não de julgamentos e violência psicológica”, finaliza Izaianni Risco.

A endometriose é uma doença que exige uma abordagem de tratamento que integre cuidados médicos com suporte psicológico, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida das mulheres afetadas. Reconhecer a importância da saúde mental no tratamento da endometriose é fundamental para uma resposta eficaz e consistente.

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