A atriz, prestes a completar 46 anos, compartilha bastidores de sua trajetória marcada por inseguranças, crises emocionais e a descoberta do bem-estar através do autocuidado — físico e emocional.
Com quase 46 anos, Juliana Paes surpreende ao abrir o coração sobre feridas antigas e batalhas invisíveis. Quem vê a atriz radiante em campanhas publicitárias ou na TV, não imagina a relação conturbada que ela teve — e em parte ainda tem — com o espelho. Em uma entrevista exclusiva à Glamour, ela desmonta o mito da perfeição e expõe o que realmente acontece nos bastidores da beleza.
“Faço atividade física com foco no meu bem-estar mental”, afirma, direta. A declaração simples carrega uma profundidade imensa — especialmente vindo de uma mulher que, por anos, precisou lidar com padrões cruéis e a constante sensação de não ser o suficiente.
Nascida em Rio Bonito, no interior do Rio de Janeiro, Juliana começou como modelo ainda adolescente, numa época em que ser magra, loira e de olhos claros era praticamente um requisito para brilhar. “A minha época trabalhando como modelo foi nos anos 90 e o padrão de beleza eram as meninas magrinhas, loiras de olhos azuis. Eu era sempre bookada para os comerciais ou fotos como a exótica”, contou à Glamour. Com seus cabelos cacheados e olhos marcantes, ela era vista como uma beleza “fora da curva” — um eufemismo doloroso que a colocava sempre como coadjuvante.
“[Estar neste lugar] me incomodava porque dificilmente eu era a protagonista do ‘rolê'”, confessa. A frase pode parecer casual, mas esconde uma vivência amarga: a de ser rotulada, silenciada, invisibilizada.
Foi graças ao suporte dos pais, Regina e Carlos Henrique, que Juliana encontrou forças para não se perder nesse labirinto. Ainda assim, tentou esconder quem era. “Eu sempre pintava meus olhos de preto para dar uma diminuída e tentei alisar o meu cabelo várias vezes”, relembra. A tentativa de se encaixar quase apagou sua essência.
O estopim para o colapso veio anos depois, durante a pandemia. Isolamento, inseguranças familiares e o peso de um mundo em colapso desencadearam um turbilhão emocional. Juliana sofreu crises de ansiedade e estresse pós-traumático, algo que só começou a amenizar com a ajuda da terapia. “Foi muito difícil colocar cada coisa num potinho e a terapia faz um pouco disso, né? A terapia me ajudou muito, continua me ajudando, eu não quero largar nunca mais”, diz com firmeza.
Hoje, a atriz encontrou um novo pilar de sustentação: o movimento. “Na minha rotina de autocuidado e bem-estar mental está a atividade física. […] É uma questão de saúde mental mesmo”, revela. A estética, embora continue presente, vem com uma abordagem diferente. No lugar de intervenções radicais, Juliana opta por técnicas regenerativas. “Eu valorizo muito os bioestimuladores de colágeno […] porque acho que eles não mudam minhas características, mas sinto uma diferença na firmeza da pele”.