Aos 50 anos, cantora anuncia tratamento experimental fora do país e comove o público ao declarar que ainda não é o fim
Uma decisão corajosa e uma revelação que tocou o coração do Brasil. Assim foi o momento em que Preta Gil, de 50 anos, anunciou ao vivo no Domingão com Huck que está prestes a deixar o país para dar continuidade ao seu tratamento contra o câncer. Em meio à emoção de cantar o clássico Vale Tudo — música eternizada por Gal Costa, sua madrinha — a artista contou que sua esperança de cura agora está fora do território nacional.
“Estou entrando em uma fase difícil. No Brasil, já fizemos tudo o que podíamos, agora minha chance de cura está no exterior, e é para lá que eu vou. Sei que sou uma mulher privilegiada, mas se tenho a condição de ir para fora, eu vou”, disse a cantora, visivelmente emocionada.
Preta revelou ainda que acredita em sua recuperação total e em um retorno triunfal ao Brasil. “Quero voltar para cá, curada, e poder retomar tudo o que amo fazer, como vir aqui cantar, ser jurada, brincar com minha neta, com meus sobrinhos, enfim, ver meu filho, ver esse ser incrível que ele é. Tenho muita coisa para realizar ainda nesta vida, então me recuso a aceitar que acabou para mim agora. Acredito que ainda tenho um longo caminho pela frente”, declarou, arrancando aplausos e lágrimas da plateia.
A cantora será submetida a um tratamento experimental em Nova York. Não é a primeira etapa de sua longa batalha: em dezembro, Preta enfrentou uma cirurgia de 21 horas, onde foram retirados seis tumores, partes do sistema linfático e do aparelho digestivo. A intervenção incluiu ainda uma peritonectomia e a aplicação de quimioterapia intraperitoneal.
Segundo a oncologista Patrícia Maira Torres Costa, o procedimento realizado foi extremamente agressivo e só é recomendado em casos muito específicos. “É uma cirurgia muito difícil e que só fazemos em pacientes selecionados. Digamos que ainda não está nas rotinas de tratamento. Então ele é feito só em pessoas super selecionadas, que é o caso da Preta Gil, que tem condições físicas de ter uma boa performance, e também condições financeiras porque esse tratamento causa, além de muita toxicidade, também desnutrição”, explicou a especialista.
O tratamento que será iniciado nos Estados Unidos ainda não recebeu aprovação formal para o tipo de câncer que a artista enfrenta, mas está em fase avançada de estudos clínicos. “Existem tratamentos experimentais para várias doenças. E quando esse tratamento é experimental, ele deve ser administrado para o paciente, feito para aquele paciente diante de estudos clínicos, ou seja, o paciente vai participar de um estudo clínico, que é provavelmente o que a Preta Gil vai fazer”, esclareceu a médica.
Além disso, a oncologista reforçou a importância da chamada medicina de precisão, que analisa mutações específicas do tumor para oferecer terapias personalizadas. “Não sei se no caso da Preta Gil ela tem alguma mutação acionável, ou seja, preditiva, que é uma mutação que possa ter algum tratamento que seja efetivo. Mas ela deve fazer porque existem várias drogas novas saindo, inclusive imunoterapia”, apontou.
A expectativa é que a cantora seja tratada com medicamentos inovadores, ainda em fase de aprovação, mas com eficácia já demonstrada em outras doenças. “Provavelmente, é um remédio que já tem eficácia comprovada, mas que ainda não tem uma aprovação. Por isso ainda é experimental. Para isso, tem que ir para outro país, precisa ter condições financeiras”, concluiu a médica, reforçando a complexidade do acesso a esse tipo de tratamento no Brasil.